quinta-feira, 30 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
Canalizar revolta para vencer na Trofa
JOGADORES ESPICAÇADOS POR DERROTA POLÉMICA
O sentimento reinante no balneário do Belenenses é o de canalizar a revolta pela forma como sucedeu a derrota com o Nacional - golo decisivo precedido de falta de Luís Alberto sobre Júlio César - para o jogo da próxima jornada, na Trofa. "Alguém vai ter de pagar a fatura desta derrota injusta e tudo faremos para que seja já o Trofense", disse a Record um dos jogadores às ordens de Jaime Pacheco, o qual já se queixou de várias arbitragens
A primeira vez que o técnico do Belenenses se sentiu prejudicado foi à 7.ª jornada, na Reboleira (1-1). "Não nos deixaram ganhar", referiu numa alusão ao trabalho de Marco Ferreira que expulsou Wender aos 34' após mão de China. Na 11.ª ronda, com o Nacional (2-4), novas queixas, agora de Rui Costa. "Eles jogaram em 6x2x3x1", afirmou depois de um golo mal anulado a Silas e de um ilegal do adversário.
Castigo
As críticas de Pacheco subiram de tom após o empate (2-2) caseiro com o E. Amadora na 22.ª jornada. "Alguém quer fazer-nos mal", afirmou, sendo punido com 12 dias de suspensão e 1.500 euros de multa por ter sido expulso por João Ferreira já após o apito final. Anteontem, acusou Duarte Gomes de ter "a lição bem estudada" no jogo com o Nacional
Viana de Carvalho escreve aos sócios
Jaime Pacheco sai mal tome posse
HÁ quem acuse José António Nóbrega de ser intempestivo, arrogante, inconveniente e politicamente incorrecto. O candidato da Lista C apresenta a sua candidatura a A BOLA e riposta: «Não sou arrogante, sou exigente e não admito faltas de respeito. Sou solidário com os meus amigos, mas não admito traições. Se colocam em causa o meu bom nome e dos meus amigos, admito que sou impulsivo. Estou nesta corrida para ganhar. Mexeram comigo quando não aceitaram a minha candidatura e mostrei que ninguém mexe comigo. Mas não sou contra ninguém, não sou melhor nem pior, apenas diferente e quero mostrar que o meu projecto é o melhor», começou por comentar José António Nóbrega.
«O Belenenses está sem rei nem roque e tem de saber quem manda», desabafa. Por isso, não terá pejo em tomar decisões polémicas, a começar pelo futebol, onde revela que Jaime Pacheco não será o seu treinador, se vencer. E nem vai esperar pelo final da Liga: «Quando tomar posse, no dia seguinte já nem se senta no banco».
Combater o «laxismo»
José António Nóbrega insiste na questão da autoridade quando comenta que «no Belenenses pode acontecer tudo que ninguém é responsabilizado, pois ninguém manda». Logo, «os funcionários entraram no laxismo». Diz que «não há funcionários maus, há é funcionários mal enquadrados», mas reconhece excesso de pessoas nalguns sectores e prepara-se para cortes e nomear um director geral.
Modelo único no futebol
Em relação ao futebol, defende a implementação de um modelo único de jogo, vertical, das escolas de formação à equipa principal, já que «o futebol vive de rotinas». E um modelo que «privilegie o espectáculo».«Prefiro ganhar por 5-4 do que por 1-0», justifica.
Peças fundamentais, a construção do centro de estágio, em local a estudar, a celebração de um acordo com o Ministério da Educação para que os jovens da formação possam estudar numa escola única de manhã e treinarem-se à tarde, rigor na escolha do plantel sénior e, também para estes, um código de conduta que passa pela responsabilização social e horários alargados de permanência no clube.
Credibilidade sim, magia não
Em relação à crise financeira, abre as mãos e diz não ter «varinha mágica». Mas garante rigor: «Connosco não haverá dinheiro jogado à rua. Se tiver 100, tenho de gastar 80 e investir 20. O clube está nu, está falido e a recuperação pela reestruturação interna e credibilidade. Não haverá injecções de dinheiro e parcerias sérias sem demonstrarmos primeiro que somos credíveis».
Voz aos sócios
Ponto sensível para José António Nóbrega, a relação com os sócios. «Muitos fazem sacrifícios e o que recebem de volta? Nada. Por vezes até são maltratados. O clube tem de ser solidário com quem precisa, tem de tratar os seus sócios como os donos do clube e oferecer-lhes serviços em troca da sua dedicação», frisa. Por isso, garante que vai abrir, num modelo de pura solidariedade, um jardim de infância e colocar os profissionais do departamento médico e o jurídico ao serviço dos sócios. E vai procurar celebrar parcerias com empresas, contratando produtos a preços especiais para sócios, entre muitas outras iniciativas. «Chegou a hora de retribuir a fidelidade dos sócios», conclui.
Futebol, râguebi e andebol
José António Nóbrega elege as três modalidades que devem ser aposta realista
Partindo do pressuposto que «o Belenenses não tem meios para ter todas as modalidades», José Nóbrega estabeleceu a hierarquia das aposta do Belenenses. «Em primeiro lugar, claro, o futebol. Em segundo, o râguebi, já que o Belenenses tem a melhor academia da Península Ibérica». Terceiro, o Andebol. «Mas apostando forte na excelência do trabalho de formação, já que tem se ser amador e não pode entrar em loucuras para contratar grandes jogadores».
Em relação às restantes modalidades, «têm de viver dos apoios que conseguirem angariar». E ainda há espaços para casos pontuais. «Temos de manter as bandeiras, como a atleta Daniela Inácio, encontrando parcerias. O que falhou com Obikwelu, que começou no Belenenses e perdemos para o Sporting», lamentou.
domingo, 19 de abril de 2009
Surpresa agradável
«NÃO esperava, mas é sempre motivante ter um resultado assim. Foi uma surpresa agradável», afirmou Daniela Inácio após, ontem, ter alcançado um brilhante e muito disputado 3.º lugar (3;24.32,15 h) no Grand Prix de Sumidero (México), prova de 15 km de águas abertas no Rio Grijalva através do imponente Canyon Sumidero. «Não, por acaso não vi nenhum crocodilo, nem durante nem depois, mas gostava», brincou a nadadora do Belenenses nesta estreia na distância. No sector masculino o também olímpico Arseniy Lavrentyev quedou-se na 8.ª posição com o tempo de 3;11.01,88 horas, numa competição ganha pelo experiente búlgaro Petar Stoichev (3;09.49,59), recordista da travessia do Canal da Mancha e de Sumidero.
Inicialmente a organização havia atribuído a quarta posição à atleta do Belenenses, atrás da vencedora Britta Kamrau (3;24.25,71), da também alemã Ângela Maumeur (3;24.26,29) e da espanhola Esther Nuñes mas, após protesto do seleccionador nacional Nuno Dias o visionamento do photofinish confirmou que Daniela fora mais rápida que Nuñes.
«Normalmente perco na parte final. Desta vez isso não aconteceu. O sítio é lindíssimo, só é pena a água estar tão suja. A prova, que é mais táctica do que nos 10 km. Não começou rápida e como me sentia bem fui-me poupando. Aconteceram três/quatros arranques mas mantive sempre uma boa posição. A 40/50 minutos do fim a Maumeur acelerou e fui atrás dela e da espanhola. Depois a Kamrau colocou-se ao meu lado e andámos ali à pancada. Porém, comparando com o que acontece nas Taças do Mundo de 10 km nem me incomodou. Ela passou-me mas 400 m finais fui-me chegando à Nuñes e mesmo no fim ultrapassei-a. Foi bom», concluiu Daniela.
Satisfeito com esta estreia estava igualmente Arseniy. «Os últimos 5 km foi sempre a bombar e então nos derradeiros dois o ritmo acelerou ainda mais. Mantive-me atrás deles e acabei por perder o 6.º e 7.º lugar apenas por um ou dois segundos. Acho que sim que além dos 10 km no Mundial de Roma também poderei apostar nos 25 km. Não acabei de rastos. Agora só faltam nadar mais 10 km...»
sábado, 18 de abril de 2009
Quem com ferros mata com ferros morre
Mas, como um mal nunca vem só, no suplemento Centro-Sul da edição de hoje do jornal A Bola, vem a notícia que se segue, donde ressalta que o não pagamento do acordado entre clubes vem se há meses atrás ou seja desde que a actual comissão de gestão tomou posse bem como a constante fuga ao diálogo por parte de quem conduz os destinos do clube.
Ora, nada disto confirma o discurso de salvador da pátria que o actual coordenador da comissão tem quer perante os sócios quer durante este mês de campanha eleitoral.
Será que o dinheiro que foi recebido do Estrela da Amadora por uma situação idêntica não chegou para evitar que o clube passasse por mais esta vergonha?
Lá diz um ditado bem português:
Não faças mal aos outros à espera que te venha bem
Queixa na Federação contra o Belenenses
O Almada denunciou ontem o corte de relações com o Belenenses. Em causa está o atraso no acordo para o pagamento da formação de Mano, que se transferiu para o Restelo em 2005. Os azuis comprometeram-se em pagar uma verba mensal faseada, entre Julho de 2007 e Junho de 2009, porém, há cinco meses que ninguém vê dinheiro em Almada, clube da AF Setúbal. Seguiram-se outras medidas.
«Desistimos de conversas. Não pode ser a desculpa das eleições porque não recebemos há quase seis meses. Tentámos por todos os meios um contacto, mas nunca houve resposta. Fomos obrigados a denunciar o caso à FPF e ao nosso advogado para tratar do caso», avança Horácio Rodrigues, vice-presidente do clube, revelando as dificuldades actuais:
«A verba não é grande, é certo, mas para nós é muito. São cerca de 3500 euros mensais. Já recebemos avisos de corte de gás, luz e outras despesas. Estamos a tentar levantar o clube e não é fácil porque tínhamos as contas todas acertadas no início da época.»
O Almada aguarda agora por uma resposta da FPF.
Horácio Rodrigues lamenta o problema mas diz não ter outra solução face à ausência de respostas:
«É isso que nos deixa mais tristes. Não nos disseram absolutamente nada. Depois do que fizeram ao E. Amadora, pela falta do pagamento do empréstimo do jogador Mendonça, agora fizeram o mesmo. O caso agora está entregue às entidades competentes. Vamos aguardar com tranquilidade.»
«Já foram informados de que não poderiam trabalhar mais no Pragal. Trata-se de um acordo que não estava relacionado com o de Mano. Certo é que, tal como esse, também está com atraso. A verba era destinada para o tratamento da relva, que, desta forma, teve de parar», lamenta o dirigente, escusando-se a apontar números mas sublinhando o não cumprimento das condições propostas inicialmente.
«Ficou acordado que o Belenenses poderia utilizar o campo dez vezes por mês pagando uma mensalidade. No início tudo estava a ser cumprido com regularidade. O mesmo já não acontece nos últimos cinco meses, tal como o acordo estabelecido pela formação do Mano. Estamos tristes com toda a situação, porque o Belenenses é um clube grande de Portugal. Mas nós, face às dificuldades actuais, também temos de sobreviver para não deixar cair o Almada a nível económico», sublinha.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Viana de Carvalho: «Se querem mudar têm de votar em nós»
Ex-"vice" financeiro no último mandato de Cabral Ferreira, o economista, de 54 anos, decidiu avançar às eleições de dia 18 em nome de um projeto que garante ser razoável. Licenciado em 1979 pelo ISCTE, em Organização e Gestão de Empresas, o sócio n.º 1747 está convencido de que o Belenenses vai ficar na Liga, mas deixa um alerta aos eleitores.
RECORD - Porque razão tomou a decisão de candidatar-se à presidência do Belenenses?
VIANA DE CARVALHO - Nesta altura de crise que o Belenenses atravessa achei que o melhor contributo que poderia dar ao clube era formalizar uma candidatura e proporcionar aos sócios uma opção para a Direcção. Penso ser um dever dos sócios chegarem-se à frente e darem a cara para ajudar o clube. Foi essa a motivação, além de querer continuar algum trabalho que foi pensado na altura da candidatura do eng. Cabral Ferreira e que, por razões infelizes que todos nós conhecemos, acabaram por não se concretizar. Havia uma série linhas que queremos explorar.
R - Assume, portanto, uma linha de continuidade em relação ao malogrado eng. Cabral Ferreira?
VC - Não, não se trata de uma linha de continuidade. Havia ideias e uma série de questões que foram pensadas e debatidas, mas que não foram implementadas. Portanto, esta será uma nova linha sem esquecer que tanto eu como o Miguel Ferreira fizemos parte da última Direção do eng. Cabral Ferreira. Logo, pensamos aproveitar e desenvolver algumas das ideias que ficaram por concretizar.
R - Considera que essas ligações da sua lista ao passado recente do clube serão uma vantagem ou desvantagem na hora dos sócios decidirem em quem votar?
VC - Olhe, cada cabeça sua sentença. Tive muita honra de servir o Belenenses na Direção do eng. Cabral Ferreira que, alguma forma, acabou mal começou pois tomámos posse em maio e, em junho, deram 7 meses de vida ao presidente. A partir daí, foi uma situação muito difícil e desgastante em termos psicológicos e de trabalho. Mesmo assim, foi uma experiência muito gratificante e enriquecedora já que me deu um conhecimento muito grande do clube e uma perspetiva exata do dia-a-dia. Portanto, considero tratar-se de uma vantagem.
R - Porque motivo os sócios hão-de votar em si e não no seu adversário?
VC - Basicamente pelo nosso projeto, que é estratégico, coerente e integrado. Além disso, defende o património do Belenenses até às últimas consequências e é um projeto desportivo, sendo suscetível de puxar este nosso sentir o Belenenses para patamares muito mais altos daqueles que têm sido alcançados nos últimos tempos. Se os sócios querem mudar e, de facto, querem mais do que têm hoje, só têm uma alternativa que é votar em nós!
R - A tónica do seu discurso é, portanto, a mudança...
VC - O clube precisa de mudar no dia 18 e, de facto, a avaliação que fiz num artigo de opinião em Setembro, para o jornal Record, confirmou-se em absoluto. Defendi na altura que uma Comissão de Gestão não era boa para o clube, dei a cara pela minha opinião e disse que o clube precisava de uma cara eleita pelos sócios. Devia ter havido eleições e, se calhar, se isso tivesse acontecido não estávamos na situação em que estamos. A realidade dos factos, hoje, veio dar-me razão.
R - No seu programa eleitoral propõe-se apostar numa equipa profissional competitiva que possa lutar pelos primeiros lugares da tabela. Dada a conjuntura atual, com a equipa nos últimos lugares, acha possível fazer isso já na próxima época?
VC - Penso que devemos tomar boas decisões e as boas decisões tanto se tomam em alta como em baixa. Uma das questões que consideramos essencial é termos bom-senso, pragmatismo e tomar boas decisões sem andar ao sabor do vento. Só sabendo exatamente o que queremos fazer é que poderemos construir o caminho degrau a degrau. Com uma estratégia clara estou plenamente convencido de que poderemos melhorar a competitividade da equipa e gerir o grupo de trabalho com compreensão e diálogo, mas com decisões objetivas sem fugir aos problemas.
R - Insisto. A equipa está no penúltimo lugar da Liga. Para a colocar a lutar pelas posições cimeiras será preciso uma profunda remodelação do plantel...
VC - Permita-me discordar. Acho que esta equipa tem valor, mas não consegue ter a tranquilidade necessária para apresentar no relvado o futebol que sabe praticar. E isso tem a ver, provavelmente, com uma série de situações que poderão extravasar o próprio recinto de jogo. Daí ser importante deixar esta mensagem de tranquilidade à equipa. É necessário que os jogadores joguem aquilo que sabem e, mantendo-se o grupo de trabalho coeso, estou convencido de que é possível fazer melhor. Tenho muita fé que a equipa vai superar as dificuldades, sem prejuízo de estarmos disponíveis para, logo no dia 20 ou mesmo a 19, tomarmos conta da SAD para começar a inverter a situação porque há que mudar. Há que tomar boas decisões, acompanhar o plantel dia-a-dia e ajudar a equipa a superar esta fase difícil. É preciso fazer uma rápida avaliação da situação real, a qual desconhecemos. Pedimos algumas informações ao presidente da AG em exercício, que ainda não nos deu porque, certamente, ainda não lhe facultaram.
R - E Jaime Pacheco será o seu treinador?
VC - Jaime Pacheco é o treinador do Belenenses e é com ele que nós contamos. Em termos futuros, será necessário fazer uma avaliação do que existe em cima da mesa, nomeadamente em termos da duração do contrato. Diz-se que é válido até final da época, mas diz-se tanta coisa. Uma coisa é certa: o treinador será das primeiras pessoas com quem vamos falar.
R - Até ao final da campanha eleitoral vamos ver anúncios de reforços para a próxima época por parte da sua candidatura?
VC - Já disse que não sou um vendedor de sonhos. Interessa-me o rigor, apostar na tranquilidade desta equipa e que ela jogue aquilo que sabe. Não vou destabilizar com anúncios de qualquer ordem porque, acima de tudo, quero que o Belenenses ganhe sempre e, repito, esta equipa vai ganhar!
R - Até onde chegam as reais possibilidades do clube em termos de orçamento para o futebol?
VC - Olhe, não gosto de falar daquilo que não conheço porque gosto de me suportar em coisas reais e concretas. Teorizar não é o meu forte, mas falam-me que o orçamento da SAD é muito alto, entre 8 e 10 milhões. Portanto, tenho dificuldade em pronunciar-me quanto a isso porque não sei se é mais ou menos. O que é importante é, logo no dia a seguir às eleições, fazer uma avaliação do que está em cima da mesa e ter a capacidade de tomar as melhores decisões consoante aquilo que encontrarmos. Preocupa-me se esse orçamento não tem cobertura financeira, ou seja, se a despesa não tem cobertura do lado da receita. Temos medidas pensadas e programas para aumentarmos a receita pois não podemos ter défice! Em rigor, isso não deverá acontecer, mas se houver temos de avaliar qual a real dimensão.
R - Caso seja eleito, qual será a primeira medida que tomará?
VC - A primeira coisa que vamos fazer é uma avaliação rápida. Depois, há medidas que teremos de tomar a curto, a médio e outras com impacto a longo prazo. Estamos preparados para tomar essas medidas. Claro que não é logo no dia a seguir que vamos resolver os problemas do clube e da SAD, mas temos a capacidade para avaliar bem e tomar as melhores decisões.
R - As eleições em clubes de futebol têm sempre uma forte componente emocional. Sente que a conjuntura negativa da equipa pode ajudar a sua candidatura?
VC - Penso que sim. Logo a seguir às eleições vamos estar a falar com os jogadores, incentivando-os, motivando-os e resolvendo os problemas que estejam pendentes como, por exemplo, os alegados ordenados em atraso. Será das nossas primeiras preocupações e, caso se confirme, resolveremos isso desde logo. Isto tudo para que a equipa possa, ainda esta época, ultrapassar os desafios que se colocam e garantir a permanência na Liga.
R - Há quem diga que cada derrota do Belenenses representa mais votos para a sua candidatura...
VC - Quero que o Belenenses ganhe todos os jogos, em todas as modalidades! Temos uma mensagem e um programa independentes dos resultados desportivos. Agora, os sócios têm de valorizar o nosso projeto por aquilo que ele diz e pelo que representa. Que fique claro: não fico nada contente e tenho sofrido muito nos últimos jogos por ver a equipa com resultados menos positivos. Quero que o Belenenses ganhe sempre!
R - Caso o Belenenses venha a ser despromovido à Liga Vitalis, o seu projeto continuará a fazer sentido?
VC - Sempre. Se calhar ainda mais na medida em que será preciso ainda maior rigor, bom senso na tomada de decisões e não cair na tentação de fazer asneiras. Logo, como o nosso projeto é alicerçado na razoabilidade das coisas, mais importante ele se torna para o Belenenses. Contudo, não nos passa pela cabeça descer de divisão. Acho que, independentemente do resultado do próximo sábado, com o V. Setúbal, a partir do dia 20 vamos ajudar a equipa a superar os seus p roblemas.
R - Sente que vai vencer no dia 18?
VC - Sinto, claramente, que vou ganhar. Tenho recebido bastante apoio das pessoas, as quais são recetivas à nossa mensagem e ao nosso programa porque sentem que é preciso mudar já que não é possível continuar como está.
«Não aumentámos passivo»
NOS 7 MESES EM QUE ESTEVE NA DIREÇÃO
R - De quem é a culpa da difícil situação financeira e desportiva que o clube travessa?
VC - Em todos os momentos da vida do nosso clube temos de viver com aquilo que temos e sermos imaginativos para aumentar o que termos. Mas, por vezes vivemos acima das nossas possibilidades. Devo dizer que nos 7 meses em que estivemos na Direção não aumentámos passivo! Segundo as minhas contas, é preciso recuar a 2002 para encontrar uma Direção que tenha gasto menos do que nós em termos de despesa efetiva. Fizemos uma gestão rigorosíssima apesar de termos começado a pagar novas despesas como, por exemplo, o PEC. Houve uma ou duas coisas que não correram da melhor maneira, mas assumimos e demos a cara. Contudo, houve muitas outras coisas que correram bem e ninguém pode dizer que aumentámos o passivo.
R - Como classifica o mandato de Fernando Sequeira?
VC - É uma situação que não foi positiva para o clube porque foram 5 meses muito especiais que vão marcar a vida no clube nos prólximos 5/10 anos.
R - Os sócios ficaram mais exigentes desde a súbita demissão do anterior presidente?
VC - Estou convencido que sim. Todos nós devemos ter a humildade para aprendermos com as experiências que vamos vivendo.
«450 mil euros dá para 3 semanas»
VENDA DE 9 POR CENTO DA SAD A ANGOLANOS
R - Qual a sua opinião acerca da abertura capital da SAD ao exterior?
VC - Já exprimi a minha opinião em AG. Por princípio, não estou nada contra a venda desses 9% da SAD a terceiros pois estão disponíveis e podem ser vendidos. Agora, o que disse aos sócios em AG é que uma coisa é o valor nominal das ações e outra coisa poderá ser o valor que elas devem ter para nós sócios. Por outras palavras, as coisas devem ser mais abrangentes do que apenas uma operação financeira. O Belenenses deve potenciar as suas parcerias. Desconheço as condições do negócio, mas defendo que uma operação estratégica deve ser feita na perspetiva de criar riqueza e desenvolvimento para o clube a longo prazo. Não sei se é isso que está em cima da mesa, mas para mim a venda desses 9% deviam implicar lucro para o futebol do Belenenses. Porque repare, se os números que se falam por aí sobre o orçamento da SAD estiverem corretos, 450 mil euros equivale a um mês de salários ou menos. Portanto, o dinheiro que entra dará para 3 semanas. Se não houver mais nada...
«É fundamental preservar o património»
CANDIDATO DIZ QUE É O SEU PRIMEIRO COMPROMISSO COM OS SÓCIOS
R - Qual é a sua posição quanto a um eventual projeto imobiliário para o Restelo?
VC - Diria que o nosso primeiro compromisso com os sócios é preservar o património do Belenenses. Se alguma vez o clube cair na tentação fácil de alienar o seu património, na minha opinião pessoal, terá um futuro muito limitado. Pensamos que o complexo desportivo do Restelo deve estar totalmente virado para o desporto e qualquer projeto imobiliário tem de respeitar isso. Não queremos que aconteça o mesmo que a outros clubes, os quais resolveram os seus problemas durante alguns anos através da venda de património, mas depois o dinheiro gasta-se rapidamente devido a uma gestão com paixão e pouca razão e depois não há mais... É fundamental que o Restelo permaneça para sempre na posse do Belenenses! É o meu primeiro compromisso com os sócios e não sou mentiroso.
R - Em traços gerais, em que consiste o sistema de controlo orçamental preconizado pelo seu programa?
VC - Durante 7 meses em que estive na Direção, tentei aprofundar e melhorar o controlo das contas do clube em vários níveis. Iniciámos um trabalho que não sei se continuou ou não, mas queremos acompanhar dia-a-dia os movimentos de receitas e despesas pois só assim é que poderemos travar ou acelerar em caso de necessidade. É possível fazer isto com rigor. Aliás, fizemos isso graças à contratação de uma empresa para executar esse trabalho.
R - A ideia é ter a todo o momento uma ideia exata da situação financeira...
VC - Exato, dia-a-dia. Se tivermos um orçamento de despesa que prevê gastar 5 milhões suportados por entradas nesse valor, caso haja um atraso ou uma não confirmação nas entradas teremos de travar alguma coisa nas despesas. E essa decisão terá de ser tomada na hora porque senão depois acontece o que sucedeu no passado: dívidas e mais dívidas como, por exemplo, o Plano Mateus, o Totonegócio e o PEC. Isto porque o clube não tinha uma estrutura montada.
R - Que medidas tem em mente para aumentar as receitas?
VC - Uma das primeiras medidas quando tomarmos posse será a formação de um Departamento Comercial. Vamos contratar um profissional e colocá-lo no terreno, junto das empresas em busca de patrocínios. Agora, não pode é ser um amigo que está desempregado, é simpático e até tem um pouco de jeito. Não é isso que queremos, mas sim um profissional contratado com rigor junto de uma empresa especializada no contacto com comerciais. Tem de ser um profissional que tenha na sua agenda contactos de toda a gente que é importante no país em termos comerciais e marketing.
R - Dada a crise atual, pensa que o tecido empresarial estará recetivo a investir mais em clubes de futebol?
VC - Hoje em dia, as empresas gostam de proporcionar situações contratuais vantajosas a grupos de pessoas e o Belenenses pode aproveitar isso. Esse departamento comercial também vai angariar novas possibilidades de fazermos receitas e há muitas no mercado. Temos instalações num local privilegiado e podemos pensar numa série de outras receitas com vantagens para os sócios na área lúdica, comercial e outras. Basta oferecermos a nossa marca e as possibilidades do nosso complexo desportivo.
R - Essa pode ser uma forma de atrair mais sócios?
VC - Uma das nossas ideias é fazer renascer a mística do Belenenses. Todos nós temos o clube no coração, mas precisamos de potenciar esse ego através de iniciativas integradas. Temos muitos adeptos que não são sócios, outros que deixaram de ser filiados e há que criar condições para que seja atrativo ser do Belenenses. Por exemplo, já tínhamos negociado um cartão de sócio com uma instituição bancária que era vantajoso para os sócios. É importante recuperar essa lógica de compensar ser sócio do clube.
«As modalidades são importantes»
AUTO-SUSTENTAÇÃO É O CAMINHO A SEGUIR
R - No seu programa diz que o clube só pode ter uma ou duas modalidades a lutar pelo título. Quais são?
VC - Temos vindo a reunir com todas as modalidades de forma a percebermos os projetos que cada uma delas tem. O clube é e será aquilo que os sócios querem que venha a ser. Compete-nos a nós orientar e gerir estrategicamente a vida do clube de acordo com o sentir dos sócios. Por isso é que, por iniciativa minha, fizemos um inquérito aos sócios nos últimos meses da nossa gestão. Não sei se esse inquérito foi tratado, mas é uma indicação clara da forma como pretendo gerir o clube, ou seja, ouvindo os sócios. Tomando as decisões que tenho de tomar, mas sentir aquilo que os sócios querem do clube. As modalidades são importantes e estamos disponíveis para potenciar todo o complexo desportivo para a prática do desporto. É uma avaliação que está em curso, sendo certo que a lógica do clube é que não há dinheiro para entrar em loucuras e o caminho da auto-sustentação tem de ser seguido.
R - O que, segundo números divulgados há não muito tempo, está longe de acontecer...
VC - Por aquilo que me dizem, a maior parte das modalidades terão algum controlo neste momento. Falta-me validar essa informação com elementos contabilísticos de que ainda não disponho, mas considero que os números apresentados há algum tempo pela Comissão de Gestão são parciais. Estive presente nessa AG e não fiquei esclarecido porque só falaram de duas ou três modalidades.
R - Não pensa que essa vontade em ouvir os sócios poderá complicar a tomada de decisões?
VC - Não. É fundamental chamar as pessoas, mas sei tomar decisões e assumir o ónus delas. Agora, gosto de ouvir a opinião das pessoas, sendo que caberá a mim tomar as decisões. A nossa Direção terá 9 pessoas e a vida do clube não se esgota num tão reduzido número de pessoas. Só envolvendo o máximo de pessoas possível é que poderemos fazer mais e melhor. Esta é a minha maneira de estar na vida e é assim que quero gerir o Belenenses.
«Vamos criar uma Fundação»
META É AUMENTAR INTERVENÇÃO NO CAMPO SOCIAL
R - O que pensa do pedido de impugnação apresentada por José António Nóbrega?
VC - O que for será. Enquanto candidato, terei de me submeter àquilo que juridicamente estiver correto. Dado o esforço que as pessoas fizeram para se apresentarem aos sócios, tenho pena se não puderem participar.
R - Em que consiste o projeto de criar uma Fundação Belenenses?
VC - O Belenenses é um clube com uma posição privilegiada no âmbito desportivo e social, mas pode ir mais além. Podemos aumentar a nossa intervenção ao nível social e, nos tempos de crise que vivemos, temos essa responsabilidade e dever. A criação dessa fundação pode contribuir para que várias crianças desfavorecidas possam ter acesso ao desporto, educação e saúde. Se isso acontecer, enquanto adepto, ficarei bastante contente. Mas, se calhar, também poderá desenvolver programas visando a melhoria da saúde dos sócios, sem esquecer a vertente cultural. Temos sócios de referência no clube, já falei com alguns e estão disponíveis para ajudar em diversas ações numa lógica paralela ao clube.
R - Vai pugnar pela recuperação das Salésias?
VC - É um objetivo que todos os sócios gostariam de ver concretizado. Será preciso juntar as boas vontades de, pelo menos, 4 entidades e que haja estabilidade, tanto da parte dessas entidades como do Belenenses. Uma vez que há várias eleições neste ano, não será o mais indicado para resolver este assunto. Mas, pensamos que também podemos gerir as Salésias e não vamos deixar cair esta pretensão que atravessa diversas Direções.