quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Dos pés do rei Saulo sai o toque de Midas
PEDRO MIGUEL AZEVEDO
A história de Saulo no Restelo vai ganhando um corpo místico a cada jornada. Desde logo, na sua estreia na Liga, contra o FC Porto, onde um remate seu se desviou misteriosamente no corpo do ex-belenense Rolando e entrou na baliza de Helton. Não valeu nem uma vitória nem um ponto, é verdade, mas que assustou os dragões é indesmentível. Menos sorte teve o Paços de Ferreira, que, em casa, na jornada seguinte, abanou com o golo de Saulo logo aos 6' e teve de correr atrás da desvantagem para ainda salvar um empate.
O último capítulo da história de Saulo leva-nos à recepção ao Sporting. O extremo abriu caminho para a vitória belenense, com uma assistência para Marcelo, mas, na ponta final, o colectivo não foi capaz de segurar o ouro. Aliás, a carreira de Saulo até ao momento no Restelo acaba por fazer lembrar uma das versões da mitologia grega. A tal onde o deus Sileno perdeu o seu rumo em terras do rei Midas, que o conduziu de volta à sua terra. Aí, Dionísio, deus do vinho e da festa, agradecido pelo gesto de Midas, ofereceu-lhe o dom de poder transformar em ouro tudo aquilo em que ele tocasse. Ora, idêntico dom parece estar nos pés de Saulo, que em três jogos consecutivos tem dado forte ajuda ao Belenenses, apesar de deles ainda não ter nascido uma vitória. Agora, ultrapassado o pior ciclo do Belenenses na Liga, será tempo de ver se Saulo continuará a dar um toque mágico. Segue-se o Leixões como novo teste a este "poder".
Derrubado por... Ulisses
Saulo foi lançado em Portugal no Maia (Liga de Honra), mas foi no Rio Ave, com Carlos Brito, que debutou no escalão maior. Habituado a ser titular, o extremo cimentou esse estatuto nas três épocas na Naval, mas seria mais uma ironia mitológica a derrubá-lo do "Olimpo" navalista: Ulisses [Morais]. O técnico afastou o extremo das suas principais opções nesta temporada, dando preferência a atletas contratados na última pré-época. Pela Naval, Saulo só jogou cerca de 20', na 11.ª jornada. Mas o tempo está a mostrar que Ulisses Morais talvez tenha feito mal as contas...
Passar a conhecer, e bem, João Florêncio
RUI GUIMARÃES
No Verão de 2006, na definição dos plantéis para a nova época, era preciso descobrir quem ia ocupar o cargo de treinador da equipa de andebol do Belenenses, já que José Tomaz estava de saída para regressar ao Sporting.
Lembro-me de uma noite, já em casa, em que liguei a Vítor Ferreira, então vice-presidente para o andebol, que me deu o nome de João Florêncio. Confesso a minha total ignorância na altura: "Quem?!" - exclamei.
Florêncio vinha da Académica da Amadora e há mais de 20 anos que não estava ao mais alto nível, depois de 35 épocas no Passos Manuel.
Leva um quinto e um terceiro lugar e o correspondente apuramento para a Taça EHF, fazendo renascer um clube que esteve moribundo, como se lê na página 36. Nos três anos que tem de clube, perdeu sempre bons jogadores, mas fez outros, e a equipa mantém-se competitiva. Para o ano vão pelos menos mais dois, mas aposto que Carlos Resende irá manter inalterada a sua opinião - o técnico do FC Porto diz que é muito difícil defrontar o Belenenses.
É verdade, já sei quem é João Florêncio.
União fez a força
CARLOS MANUEL PEREIRA
Há cerca de um ano a perspectiva para o andebol do Belenenses era negra. Vários meses de ordenados em atraso, a extinção da modalidade era uma hipótese iminente, e a "fuga" desenfreada era um medo permanente. "Nessa altura estávamos completamente sozinhos, não havia interlocutor com a direcção. Ninguém resolvia os problemas", recordou a O JOGO o treinador do Belenenses João Florêncio, que salientou que só a união da equipa evitou males maiores. "A minha equipa tem uma característica que gosto muito: são solidários. Aliás, eles próprios dizem que têm um balneário único. Nessa altura tentamos sempre responder às necessidades competitivas e ao mesmo tempo suportar as dificuldades financeiras que toda a equipa estava a sentir", confessou o técnico, não esquecendo "o apoio fundamental dos sócios e adeptos do Belenenses".
Hoje o espectro da equipa mudou, a debilidade financeira está controlada, graças ao acordo alcançado entre a actual Comissão de Gestão e os jogadores para o pagamento faseado de alguns ordenados, mas também à forte mudança na estrutura da equipa. Actualmente treinam com os seniores uma dezena de juniores, sendo que seis ou sete [em rotação] jogam semanalmente na equipa principal. Aliás, será pela formação, à semelhança do que se passa no ABC, que o futuro do Belenenses irá passar. "A ideia é a mesma, embora em moldes ligeiramente diferentes. O ABC foi campeão dez vezes nos últimos 20 anos e a maioria dos seus jogadores vieram da formação", rematou João Florêncio, que admitiu reforçar-se no final desta temporada para colmatar as saídas de Hugo Figueira [ABC] e Pedro Spínola [FC Porto].
João Florêncio
"Demasiado jovens"
A excelente actuação que o Belenenses está a fazer esta temporada, que culminou recentemente com a imposição da primeira derrota ao FC Porto na Liga e com a boa campanha a nível europeu, levam o treinador dos azuis, João Florêncio, a sonhar alto. "Ficar nos dois primeiros lugares, na fase regular, seria óptimo, porque assim jogaríamos o play-off perante o nosso público. Mas ficar nos quatro primeiros será muito importante", afiançou Florêncio, que não admite, para já, a candidatura ao título. "É difícil assumir isso como um objectivo. Quero sê-lo a curto prazo no Belenenses. Mas este ano as equipas estão todas muito equilibradas. Fruto da nossa juventude somos uma equipa capaz de fazer o melhor e o pior. Quando jogamos no nosso melhor podemos ganhar a qualquer equipa do nosso campeonato", rematou sustentando que ter vencido o FC Porto "é uma situação normal". "Nos três anos que cá estou, só perdemos uma vez com o FC Porto, foi este ano, no Algarve, na Taça da Liga", asseverou.
Pina fica mais três anos
Nélson Pina renovou contrato com os azuis por mais três temporadas, disse o director José Ramos a O JOGO, colocando assim um ponto final nos rumores que o davam de saída do Restelo. Desta forma os azuis seguram um dos seus principais activos e elemento chave nas manobras ofensivas da equipa.
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