Na génese do Clube de Futebol «Os Belenenses» está o futebol.
Com a evolução do futebol de desporto para indústria e com o aparecimento dos regimes especiais de fiscalidade, os clubes criaram as SAD como meio de evitarem esses regimes especiais e ao mesmo tempo obterem um avultado encaixe financeiro pela venda de acções.
Porém, com a criação da Sociedade Desportiva, o clube ficou sem futebol e passou a ser accionista dessa sociedade.
Estamos assim perante duas entidades com personalidade jurídica diferentes, o que implica os sócios do clube não serem accionistas da sociedade desportiva, salvo se tiverem adquirido acções.
A influência dos restantes sócios na gestão da SAD só se pode verificar através das decisões que venham a aprovar em Assembleia-geral do Clube de forma a obrigar o clube (accionista maioritário) a impor a sua vontade na Assembleia-geral de accionistas da SAD.
Para os menos atentos convém lembrar que caso a SAD deixe de existir, a lei estipula que o Clube para regressar às competições de futebol terá de começar pelas divisões inferiores, já que o direito desportivo que transitou para a SAD não é reversível para o clube.
Terá a criação da SAD sido benéfica para o Clube?
Pensamos que não, visto não terem sido criados os mecanismos de funcionamento que levasse à total independência entre as entidades, levando a que na realidade a SAD seja vista como mais uma modalidade. E no momento actual em que se discute-se que as modalidades têm que ser auto suficientes, não podendo ser um sorvedouro dos dinheiros do clube, o que concordamos, não podemos olvidar que tal premissa também terá que ser imposta na participada do clube (SAD) não ficando esta à espera que sejam as receitas do clube a suprimir possíveis falhas orçamentais.
No actual panorama quais são as receitas da SAD?
Bilheteira – Comprada na totalidade pelo clube conforme estipula o protocolo entre as partes;
Como todos nós sabemos assistência aos jogos não ultrapassa as 2000 a 2500 pessoas por jogo com excepção dos jogos em que o adversário seja Benfica, Porto ou Sporting pelo que actual verba protocolada é lesiva dos interesses do clube (1.800.000 Euros). Num simples exercício matemático, verificamos que cada jogo de futebol custa aos cofres do clube a quantia de 94 736 euros, atendendo a 15 jogo BWin e a 4 da Taça de Portugal (se tudo correr de feição) o que implica uma assistência média de 12000 pessoas (entre sócios e público em geral) para evitar o prejuízo.
Venda de Activos – Através da cedência dos direitos desportivos sobre os jogadores a outras entidades
Esta terá que ser a principal fonte de receita do futebol mas será sempre uma receita extraordinária, já que o sucesso de transferências verificadas nas duas últimas épocas não se repetirá tão cedo se a prospecção e a aposta na formação não forem uma prioridade da SAD.
Também no aspecto desportivo terá que haver por parte do corpo técnico uma aposta clara nos jovens de forma a serem valorizados não descurando a obtenção de resultados desportivos condizentes com a história do clube.
Transmissões televisivas – Venda do espectáculo (futebol) às televisões ou outras entidades
Aqui estamos perante um dilema que é: poderá a SAD prescindir das verbas garantidas da SportTV em troca de uma possível maior afluência de público ao estádio?
Objectivamente parece-nos que não.
Então continuaremos a assistir a fracas assistências, não só no Restelo mas em todos os outros estádios, visto que o negócio de quem compra os direitos televisivos não é levar público aos espectáculos mas sim aumentar as audiências aos seus programas de forma a vender mais e melhor a publicidade desse canal. Caberá à Liga, enquanto entidade organizadora da prova, estabelecer novas regras e novos horários de transmissões para que as famílias regressem aos estádios e que os clubes não sejam lesados. Talvez merecesse ser estudado o caso inglês em que diversos jogos se realizam à hora do futebol (14h00) e não pela noite dentro.
Publicidade – Com inserção da mesma nos equipamentos de treino e jogo
Os espaços disponíveis no equipamento estão totalmente aproveitados, restando à administração encontrar os melhores parceiros e as melhores condições para esses mesmos espaços.
Merchandising
Por parte da SAD nada se faz para a venda de material publicitário nem faz a promoção do espectáculo, não sentindo necessidade de o fazer atendendo que o Clube lhe compra a totalidade da bilheteira. Eis mais um aspecto perverso do referido protocolo.
Outras – Existem outros tipo de apoios do clube à sociedade desportiva que não são contificáveis, como seja a utilização do pessoal afecto ao clube em executar algumas tarefas que à SAD dizem respeito.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
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